quinta-feira, 18 de março de 2010

Espelho II

Acabei de ler um post publicado por um amigo chamado Tarso em que ele conta um pouco sobre si mesmo e algumas situações da sua vida que fizeram de alguma forma uma mudança na maneira como ele se enxerga e tem enxergado o mundo, isso me fez bem, porque existe tanta gente pra criticar o diferente, apontar dedos e de repente uma visão de si mesmo deixa cair por terra todas essas expeculações sobre a vida do outro, também feito de carne, ossos, veias, órgãos e sentimentos. E no fim da publicação, ele pergunta como o leitor se vê no próprio espelho. Bom, meu espelho também não é muito diferente, começo concordando com o post dele ao afirmar que ser magro e não conseguir engordar é tão ruim quanto estar gordo, ruim, porque criam lendas sobre sua alimentação, dão a impressão de que não se come o suficiente, te tratam como doente e isso é terrível, já que mesmo comendo de tudo, não é suficiente. Mas não é sobre isso que se trata. Além de magreza, o meu espelho é composto de segredos, de cicatrizes, marcas tanto de expressão quanto de vivências, tem dias em que estão mais evidentes num choro numa alegria, tem dias em que estão mais escondidas, como numa indiferença irreconhecivel. Claro, não entrando nos aspectos cronologicos, meu espelho hoje é mais meu amigo, lembro de quando eu fechava os olhos de manhã na hora de escovar os dentes e pentear meu cabelo, saia de casa sem me olhar, tempos horríveis esses, hoje o espelho até aumentou de tamanho, tomou a proporção do meu quarto e uma versão bem mais simpática no banheiro. A gente vai se soltando, se torna íntimo daquele objeto tão detalhista, canta e dança sem pudor nenhum e as vezes, até quase sem roupa, por que não? O meu espelho se tivesse opinião formada sobre essas tranformações pequenas durante o tempo, ele com certeza revelaria uma Carolina totalmente diferente, mais bonita, mais segura, mais pateta também, mas sempre mais, mesmo naqueles dias em que acorda querendo explodir o mundo. Meu espelho ajuda a ser coerente, a ver qualidades em potencial (não que não tenha defeitos, mas defeitos são qualidades em potencial), qualidades já existentes, linhas que expressam emoções, que a genética me ajudou muito, se a pouca maquiagem está borrada e até ser mais ridicula e feliz cantando sozinha, dançando feito louca, mas a verdade é que não seria possível sem antes os olhos de anjos terem sido o meu espelho, sem aquilo que eu guardo de mais precioso que me aquece a alma e óbvio, outros anjos que apareceram no caminho, não os que me dizem qualquer coisa sobre aparência, mas os que me fazem sentir de maneira intensa que o que dizem é verdade. Tudo bem, o espelho aqui é um objeto de valor tão ínfimo, o importante mesmo é a maneira como lidamos com o que somos... tá, talvez nem tão bem, mas também, melhor do que antes, porque qualquer modificações que façamos já nos mobiliza para um caminho necessário, escolhas benéficas por vaidade, auto-estima ou auto-conhecimento. Terminarei com a mesma pergunta que o Tarso:

"E eu deixo essa pergunta pra vocês... como se vêem em seus espelhos?"

Um comentário:

  1. Assim, no meu espelho eu consigo ver um rapaz beem bonito. Aspirante a muso, talvez. Mas o off é tão pobre. Melhor falarmos do in. E no meu in existe um ser chamado Ana Carolina!

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