é que eu preciso dizer que te amo tanto.

Nessa hora da noite me bateu um desespero por fazer muitas coisas, curiosidade em estudar, aprender outras línguas, ler livros parados na estante, coisas pra dentro mesmo, sabe? Mas não farei nada disso. Não enquanto não conseguir escrever sobre você, você que nesses últimos dias, meses e daqui a pouco, um ano, tem/continuará tendo a sua importância. No seu colo eu posso ser carente, frágil, não preciso me levar e nem ser levada tão a sério, posso errar e você não liga, não se importa, ao contrário, oferece mais ainda o seu ombro, como se soubesse que é exatamente nele que eu preciso me afundar, sentir teu cheiro, me apertar em seu abraço, saber que é você o meu anjo das asas de papel marchê, no fundo, acho que sabe. Minha ilha de contemplação, onde é possível ver melhor as coisas, me ver melhor, onde nada mais importa, nós nos merecemos e por sermos completos na excessiva falta um do outro é que fica a minha certeza e enorme saudade de que alguma coisa tem dado certo, que em meio ao caos, eu tenho aprendido a ser grande. Meu tempo é outro que não o seu, minhas convicções são outras totalmente diferentes das suas, meu modo de ver as coisas geralmente discorda de você em número, genêro e caso, mas ainda assim, existe exatamente aquele ponto em que a gente entra em harmonia. Suspensa entre o sim e o não, escapo do mundo terrível aqui fora pra me enquadrar em você. Mesmo na dura realidade, eu quero um grão do teu delírio, não se percas, porque talvez seja bem possível que eu não me ache mais.


"Não acredito nem mesmo em muita teorização sobre a vida, a morte, a dor. Mas acredito em afeto e tenho consciência de que somos parte de um misterioso ciclo vital que nos confere significação. E que dentro dele, sendo insiginificantes, temos importância." (Lya Luft - Perdas & Ganhos)