sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Não valho nada, não é?

Ao som de Chico Buarque,
Futuros amantes.


Acredito que nesses últimos dias ando melancólica demais, chorando a toa, um tanto saudosa, mas isso não é ruim não, quer dizer, depende do dia. Foram tantas as lembranças que vieram a tona e uma confusão mental que por mais estranho que pareça, aquietou meu coração, uma zona de conforto por estar jogada ali naquelas imagens que hoje se transformaram em qualquer outra coisa como a própria vida. Minha vida. E me alegrei ao lembrar da primeira vez que eu te vi, você me causou um transtorno comigo mesma, você me provocou a ponto de sentir por você uma espécie de incomodo. Era 14 de julho de 2009. Nos meses seguintes, eu observaria você, um tanto longe, um tanto perto, pelos amigos em comum. Até o dia em que a gente se reconheceria e acredito nunca ter te contado isso, mas o primeiro dia em que arranjei uma desculpa válida pra te abraçar, chegar mais perto, foi no dia 3 de setembro, dia do teu aniversário. Essas datas não representam nada, são apenas datas, talvez demonstrem que a minha memória esteja um tanto boa. Mas acima de tudo, os momentos celebram o que a gente é, o que a gente construiu. Acho que não era nada disso que eu queria dizer.
Essa liberdade que carrego no peito, viva como esperança que não morre nunca, uma espécie de luz no fim desse interminavel tunel, ainda que ajustada dentro de corpo e mente que desconhece limites, limitações e razão, isso aprendi que não é nada mais que amor. Amor na raiz da palavra. Amores serão sempre amáveis. Um amor um tanto Eros, as vezes Psiquê, por outro Ludus, de vez em quando Storge, outrora Pragma, Mania ou Agape, ainda assim, amor. E houve reconhecimento imediato, no momento exato, mas nos precipitamos ao tentar molda-lo, ao que já era da gente, pra gente. Era cedo pra você se acostumar com a minha bagunça excessiva, não-convencional e por vezes, esse fechamento dentro de mim mesma - que você tanto reclama, as vezes com razão, mas só as vezes - quase ao mesmo tempo também em que eu demorei a me acostumar com essa sua excessiva mania de querer controlar o que não tem controle, numa veracidade que nem mesmo entende, por vezes. E passado isso, caímos no que você chamaria de erro e eu chamaria simplesmente, por falta de controle da coisa em si, de "a gente", essa tentativa de pronunciar o que tinha som próprio, de pôr em palavras tão passiveis de erro o que a gente não conseguia comunicar a mais ninguém, não era preciso chamar, ele era real, torna-lo ainda mais real seria mais que uma possível queda, mas uma pretensão nossa. Não gosto quando diz que me amou, não me ama mais? Você me amou, isso me deixa em paz, me joga em alguma espécie de segurança, porém, você me amou, isso me desespera, me faz acreditar que agora o tempo é outro e que não volta. Você me ama. Um amor travestido de tantos outros sentimentos, à você eu não consigo ser indiferente, ainda as vezes carregado de saudade, mágoa ou qualquer outro, tudo menos indiferença, é um esforço desnecessário fingir e fugir também. Tanto de você quanto de mim. Os meus lábios eram seus, as minhas mãos eram suas, os meus olhos eram seus, junto com o meu amor e todo o resto, desde o dia em que aceitou para si essa bagunça de um-metro-e-sessenta-e-três-e-quase-cinquenta-quilos. Ainda são seus, talvez de outra maneira, mas se você quiser, o dia que quiser, porque é preciso selecionar alguns dias. Você vale o meu sorriso, vale o abraço, vale o meu beijo, vale o meu cheiro, vale o meu colo, vale o meu choro, vale o meu dia. Sem você, quem não quer valer nada sou eu.


"Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado... Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique" Caio F.

Um comentário:

  1. Digo que te amei porque o ontem foi menos que hoje, que por sua vez será menos que amanhã. Porque a cada dia te amar é como crescer. É involuntário.

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