segunda-feira, 15 de março de 2010

Nothing ever hurt like you.

O que aconteceu ontem foi estranho.
Mais do que o temporal que deixou a gente preso no meio do caminho, os risos confusos das pessoas a nossa volta, a falta de luz no local, tudo isso ainda seria bastante comum em comparação ao que aconteceu ontem, durante a chuva, do lado de dentro. Corremos pela chuva como crianças que fazem uma descoberta de algo totalmente novo e não se contenta em só olhar, precisa tocar, sentir, tudo ao mesmo tempo. E corremos mais por conta dos raios e pelo fato de que detestamos ficar molhados. A parte de dentro era enorme, a música alta só tocava a moda, tanto antiga quanto nova, norte-americana, claro. Dançamos, com estranhos, velhos conhecidos e amizades novas. Dançamos como se o mundo não existisse, porque sei que ele não existe quando estou perto de quem tenho como amigo. A mesma intimidade de sempre acrescida do elemento saudade, porque não te via fazia tempos. Num reconhecimento prévio, sua boca veio pra perto da minha, eu não permiti mais que isso, sussurrei ao seu ouvido que era errado, proibido, você riu de mim, como se tivesse dito algo totalmente absurdo, que me fez rir também. Não me importei em ser o que sempre fui com todos que gosto, a intimidade, o conhecimento, necessidade de carinho foi o mesmo, sempre, não haveria de mudar. Só que você me puxou pra mais perto, me disse coisas que eu não esperava ouvir, segredos de liquidificador, meus olhos se fecharam, mais pelo reconhecimento de que não havia nada a ser dito do que pelo cansaço, com o seu rosto mais perto do meu, você fez sua última tentativa depois de passear pelo meu pescoço, sua boca encostou no canto da minha no momento exato em que eu virei o rosto, me tirei daquela situação, daquele eventual erro que botaria pra baixo coisas tão irrelevantes. Me despedi e fui embora antes que alguém mais saisse machucado, pela chuva com os pés molhados, a roupa enxarcada e a lembrança que não me deixaria dormir durante a noite.

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